29/06/2019

Mais quatro padres


Hoje a diocese de Caruaru está recebendo mais quatro novos sacerdotes. Alguém pode até perguntar: Pra que? Eu respondo é para trabalhar na messe do Senhor.  Jesus acenou para este problema: “A messe é grande, mas os operários são poucos. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para sua messe” (cf. Lc 10,2). Então hoje o Senhor está mandando mais quatro operários para nós que fazemos a messe do Senhor na diocese de Caruaru. Demos graças por isso.
E o que é o padre? No meu santinho de ordenação eu coloquei assim: “O padre é um secretário de Deus a serviço dos homens”
São Paulo diz na carta aos Hebreus: “Com efeito, todo sumo sacerdote, tirado do meio dos homens, é constituído em favor dos homens em suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele sabe ter compreensão com aqueles que ignoram e erram, porque ele mesmo está cercado de fraqueza” (cf. Hb 5,1-2).
Portanto o padre é o homem que cuida do lado espiritual do ser humano. Cuida da salvação do povo. O lado material fica sob a responsabilidade dos médicos e dos políticos.
Então, hoje temos o prazer de recebermos mais quatro batalhadores para cuidar de nossa salvação na qualidade de escolhidos do Senhor para esta finalidade (cf. Jo 15,16). 
Mas pessoas há profundamente decepcionadas com os padres ao ponto de quase não quererem aceitar o serviço desses padres. Já escutei gente dizer assim: “Pe. Guilherme, como é que vou me confessar com um cara pior do que eu?”
            Estão vendo senhores padres?  Ai entra o triste exemplo que nos sacode a fé das pessoas, e que ouvimos pelos meios de comunicação social: padres, bispos, cardeais presos por roubos, assassinatos, pedofilia, e não sei mais que desgraças estão acontecendo no mundo, de fato. Profundamente lamentável, não é? Só podemos entender isso relendo o texto de são Paulo acima citado: “Ele mesmo está cercado de fraquezas”. Afinal de contas no próprio grupo dos apóstolos temos este fato que chega ao seu clímax na pessoa de Judas Iscariotes.
            Diante de tudo isso qual a atitude do cristão católico perante sua Igreja e seus sacerdotes? É caminhar pela fé. A Igreja tem a garantia de Jesus que nunca será vencida (cf. Mt 16,18). Os padres são homens como os outros homens, por isso podem cair no pecado. Compete a eles vigiarem e orarem para não fracassar. E ao povo rezar pela santificação dos sacerdotes, na paróquia ajudar na escolha dos candidatos ao sacerdócio, conversar com os padres em gesto de espirito fraterno. Aprofundar mais a sua fé lembrando-se que a Igreja é guiada pelo divino Espírito Santo (cf.Jo 16,13s).
            Parabéns aos neossacerdotes: José Valter, Josué Torres, Luciano Bertoldo e Sérgio Fernando. Parabéns à Diocese que está mais enriquecida pelos novos padres. Agradecemos a Dom Dino pelo serviço prestado durante seus 16 anos de pastoreio entre nós.
            Hoje celebramos um grande padre: São Pedro, aquele que recebeu de Jesus a missão de representa-lo na terra apascentando o seu rebanho (cf. Jo 21). Viva a São Pedro!

23/06/2019

Mensagem dos Bispos VI

Prossigamos na apreciação da mensagem da CNBB.
Analisando a problemática sócio, política e econômica do Brasil, nossos pastores falam assim em certa altura do documento:
Precisamos ser uma nação de irmãos e irmãs, eliminando qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Somos responsáveis uns pelos outros. Assim, quando os povos originários não são respeitados em seus direitos e costumes, neles o Cristo é desrespeitado: “ Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes mais pequeninos, foi a mim que deixastes de fazer” ( Mt 25,45 ).
E mais adiante: “A mercantilização das terras indígenas e quilombolas nasce do desejo desenfreado de quem ambiciona acumular riquezas. Nesse contexto, tanto as atividades mineradoras e madeireiras quanto o agronegócio precisam rever seus conceitos de progresso, crescimento e desenvolvimento. Uma economia que coloca o lucro acima da pessoa, que produz exclusão e desigualdade social, é uma economia que mata, como nos alerta o Papa Francisco ( EG 53). E mais ainda: “ As necessárias reformas política, tributária e da previdência só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular de forma a atender, em primeiro lugar, os pobres, juízes da vida democrática de uma nação” ( Exigências Éticas da Ordem Democrática, CNBB, n° 72 ). Nenhuma reforma será eticamente aceitável se lesar os mais pobres. E cito o último texto: Lembramos que “o desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor é cheio de verdade do qual procede o desenvolvimento autêntico, não produzimos nós, mas nos é dado” (Bento XVI, Caritas in Veritate, 79).
O que fica bem patente para nós ao longo de todo o documento é que a maneira como o governo pretende governar o país não está bem, precisa ser repensada. Segundo, tudo deve ser feito tudo em vista em primeiro lugar o direito da pessoa humana ao ponto de tirar da pobreza extrema todos os brasileiros que se encontram nesta situação, afinal de contas a nossa constituição reza assim: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais além de outros que visem à melhoria de sua condição social: salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim ( Art. 7° parágrafo VI )
Para esta batalha todos somos convocados. O Brasil é nosso e Deus é a força maior com quem devemos contar.
Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” ( Mt 6,33 ).

07/06/2019

Mensagem dos Bispos V


“a dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica, mas às vezes parecem somente apêndices adicionados de fora para completar um discurso político sem perspectivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral [...] A eficácia do combate à corrupção passa também por uma mudança de mentalidade que leve a pessoa compreender que seu valor não está no ter, mas no ser e que sua vida se mede não por sua capacidade de consumir, mas de partilhar”. (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 203).
Na sua exposição sobre os desacertos que passa a sociedade brasileira, a certa altura, nossos pastores se expressam assim:
Nas duas expressões eu sinto que nossos pastores querem simplesmente dizer que é preciso a conversão de todos os governantes e governados para que todo o desmantelo socioeconômico e ético seja realmente resolvido. E assim que eu penso também. Permanece de pé a afirmação de Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (cf. Jo 15,5).
É isso aí. O povo teima porque quer. Só faz quebrar a cara. É o caso do Brasil.

31/05/2019

Mensagem dos Bispos IV


Vejamos mais este texto da mensagem dos nossos prelados no documento da Assembleia.

“A crise ética, política, econômica e cultural tem se aprofundado cada vez mais no Brasil. A opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa João Paulo II na Conferência de Puebla (1979). Nesse contexto e inspirados na Campanha da Fraternidade deste ano, urge reafirmar a necessidade de políticas públicas que assegurem a participação, a cidadania e o bem comum. Cuidado especial merece a educação, gravemente ameaçada com corte de verbas, retirada de disciplinas necessárias à formação humana e desconsideração da importância das pesquisas.”

            Os senhores bispos apontam aí os problemas que todos conhecem e sofremos na pele. Indicam também a causa geradora de toda essa desgraça: a opção por um liberalismo exacerbado e perverso. Engraçado é que os políticos sabem sobejamente disso, mas ficam em sua maioria calados. Acham mais fácil indicar solução retirando mais dinheiro dos pobres ao invés de tirar dos grandes ricos que já enriqueceram exatamente explorando os pobres. É desses ricos que é preciso tirar e não de quem já não tem o suficiente para viver.
            Vale aqui a pergunta: até quando nós povão iremos deixar que suguem  o nosso sangue? 

24/05/2019

Mensagem dos Bispos III


Contemplemos mais um texto da mensagem dos nossos bispos na Assembleia da CNBB:
“Longe de nos alienar, a alegria e a esperança pascais abrem nossos olhos para enxergarmos, com o olhar do Ressuscitado, os sinais de morte que ameaçam os filhos e filhas de Deus, especialmente, os mais vulneráveis. Estas situações são um apelo a que não nos conformemos com este mundo, mas o transformemos (cf. Rm 12,2), empenhando nossas forças na superação do que se opõe ao Reino de justiça e de paz inaugurado por Jesus.”
            Percebemos aí o convite explicito para arregaçarmos as mangas e nos perfilarmos na luta para defesa do reino de Deus. O que vale dizer,  ninguém  pode correr da parada. Somos o sal da terra e a luz do mundo. Temos o dever de criar um ambiente gostoso de viver. É tarefa de todo cristão: fazer acontecer  a vida e vida em plenitude (Jo 10,10).

17/05/2019

Mensagem dos Bispos II


Em sua mensagem ao povo brasileiro enviada recentemente pela CNBB, os Bispos assim falaram: “São incontáveis os sinais do Reino de Deus entre nós a partir da ação solidária e fraterna, muitas vezes anônima, dos que consomem sua vida na transformação da sociedade e na construção da civilização do amor. Por essa razão, a esperança e a alegria, frutos da ressurreição de Cristo, hão de ser a identidade de todos os cristãos. Afinal, quando deixamos que o Senhor nos tire de nossa comodidade e mude a nossa vida, podemos cumprir o que ordena São Paulo: Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!” (Fl 4,4).
Percebeu o que é preciso para vivermos na esperança e na alegria? É aceitarmos sair da própria comodidade e mudar de vida.
Em outras palavras poderei dizer: para se viver alegres e cheios de esperança do melhor temos que dominar o tal do orgulho. Não há outra saída. É a tal conversão de que falou Jesus desde o início de seu ministério. (Cf. Mt 4,17)

10/05/2019

Mensagem dos Bispos - I


Como é de costume, os Bispos brasileiros reunidos em Assembleia anual, mandaram sua palavra de Pastores por ocasião da Assembleia encerrada agora, no dia dez de maio.
     Vou Citar e comentar em nosso trabalho alguns tópicos da mensagem de nossos Pastores.
Após formularem ao povo cristão votos de “que as alegrias pascais, vividas tão intensamente neste tempo, renovem, no coração e na mente de todos, a fé em Jesus Cristo Crucificado-Ressuscitado, razão de nossa esperança e certeza de nossa vitória sobre tudo que nos aflige.”
     E entra o episcopado com esta significativa expressão: "Enche-nos de esperançosa alegria constatar o esforço de nossas comunidades e inúmeras pessoas de boa vontade em testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo, comprometidas com a vivência do amor, a prática da justiça e o serviço aos que mais necessitam. São incontáveis os sinais do Reino de Deus entre nós a partir da ação solidária e fraterna, muitas vezes anônima, dos que consomem sua vida na transformação da sociedade e na construção da civilização do amor."    
Eis aí. Estamos diante de uma postura de grande esperança gerada pela fé inabalável no Cristo ressuscitado.
Mas esta constatação positiva me leva a pensar e perguntar: Será que nossos Pastores estão empregando o devido cuidado no sentido de fazer crescer cada vez mais o número dos líderes cristãos alinhados nessa mesma direção?
     É preciso orar neste sentido, gente. O Mestre nos manda (ordenou): “Pedi ao Senhor da messe que mande operários para sua messe” ( Mt 9,38 ).