12/01/2018

Promover a paz

            “Felizes os que promovem a paz, porque Deus os terá como filhos” (Mt 5,9).
Declaração solene de Jesus:
            A paz. Coisa que todos desejam, mas quase ninguém quer. Digo isso porque quem quer atingir um objetivo automaticamente busca os meios para isso. E, no caso da paz, só temos um instrumento para usar. Esse instrumento se chama conversão. Não há outro. É por isso que Jesus, sabiamente, iniciou suas instruções para a humanidade dizendo: “Convertei-vos” (Cf. Mt 4,17).
E o que é converter-se? É sair do erro para a verdade, é sair do mal para o bem, é sair da perversão do mal para a salvação de Deus, é sair do pecado para a graça, é aceitar e praticar o ensinamento de Jesus. Queiram ou não queiram, só temos este caminho.
Então veja: A paz não vem através de “tratados de paz” entre os governantes desde mundo. Podem fazer o que quiserem, mas ela não chega. Aliás, Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14,27). É, o mundo quer oferecer a paz através de tratados, guerras ou mesmo pelo medo entre as nações. A paz procede exclusivamente de Deus; é dom de Deus, é um presente de Deus que é dado a quem se propõe a aceita-lo pelo processo da conversão. Deus está como que, ansioso para nos passar esta paz, conforme nos atesta o livro do Apocalipse, no capítulo três, versículo vinte: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouve a minha voz e abre a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”. Foi também pela vontade de nos trazer a paz, que Ele nos mandou seu próprio Filho para nos salvar através da morte de cruz. “Paz aos homens de boa vontade”, cantam os anjos no dia em que Jesus nasceu (Cf. Lc 2,14). E o profeta Isaías diz a respeito dele: “Será chamado [...] Príncipe da paz” (Cf. Is 9,5). Essa paz, fruto da conversão, traz para as pessoas uma paz completa: paz do espírito, paz da consciência, aquela tranquilidade emocional completa. Ela é inteira paz consigo mesmo, com Deus e com o próximo. É coisa que o mundo não consegue dar.
Por aí nós percebemos que, realmente, a paz procede de Deus. Não adianta pensar de outro jeito porque não dá.
Então a pessoa que promove a paz para si mesmo e para os outros, essa pessoa tem garantida a filiação divina. É Jesus que o afirma: “Subo a meu pai e vosso pai” (Cf. Jo 20,17). E o mesmo João confirma dizendo: “Vede com que amor o Pai nos amou: somos chamados filhos de Deus e o somos de fato!” (Cf. 1 Jo 3,1). Confira, ainda 1João 3,10 e João 1,12.

Essa filiação, é claro, é uma filiação adotiva, mas real, como ficou demonstrado. Filho de Deus em sentido absoluto, só Jesus (Cf. Jo 1,14).

05/01/2018

Os puros verão a Deus

            “Felizes os de coração puro, porque verão a Deus”.
Abordo hoje a oitava bem-aventurança escrita por Mateus:
            Tem o coração puro aquela pessoa que direciona todo o seu ser para Deus. Sua inteligência, seu coração, todo o conjunto mais nobre de sua pessoa está empenhado para a santidade exigida por Deus. Empenho este que se enfoca principalmente na caridade (2 Tm 2,22), castidade (1 Ts 4,7) e no amor à verdade (Tt 1,13-14). Estas três virtudes não podem mesmo faltar ao(à) homem(mulher) que tem o coração puro. Veja, a propósito, o que diz São Paulo em sua carta aos Colossenses no capítulo três, versos cinco e seis: “Por isso, fazei morrer tudo aquilo que há de terreno dentro de vós: a imoralidade, a impureza, a paixão, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria; coisas que atraem a ira de Deus sobre os que lhe desobedecem”.
            Então as pessoas que caminham conforme estas orientações da palavra de Deus, são elas que verão a Deus conforme essas expressões de São João: “... seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é” (1Jo 3,2) e “O trono de Deus e do cordeiro estará na cidade e os servos de Deus o adorarão; eles verão sua face e seu nome estará em suas frontes” (Ap 22,3-4).

            Portanto, esta é a vocação de todos nós: ver a Deus face a face e morar eternamente com Ele (Cf. Ap 22,5). Mas, para isso, precisamos ter um coração puro.

29/12/2017

Felizes os misericordiosos

São Mateus escreve assim o versículo 7 (sete) do capítulo 5 (cinco) do seu evangelho: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. Misericórdia, em uma primeira acepção é um atributo divino. E é um atributo de tal importância que o Papa Francisco não se constrange em dizer: “O nome de Deus é misericórdia”. E ele explica: “A misericórdia é divina, está relacionada com o julgamento sobre o nosso pecado. A compaixão tem um rosto mais humano” (Papa Francisco: O nome de Deus é misericórdia; 2016, pág. 129). Dá pra você entender? Veja: A misericórdia de Deus é simplesmente misericórdia com todo o conteúdo da palavra. É aquela misericórdia recebida do divino superabundante, conforme fala São Paulo em Rm 5,20: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”. É uma misericórdia que sobressai a nossa necessidade de perdão. É superabundante e se direciona exatamente para o perdão do nosso pecado.
            A misericórdia que Jesus aponta no seu sermão é mais no sentido de compaixão, de ter pena do sofrimento do outro, seja de que tipo for. É uma compaixão que envolve todo o ser afetivo do homem. É solidariedade sem limite (Veja Lc 7,11-17).
            Percebe-se então que a misericórdia de Deus perdoa o pecado; a misericórdia do homem perdoa o homem e o ajuda a sair do problema em que se encontra. Mas não perdoa o pecado. Perdoar o pecado é tarefa puramente divina. Ou seja: Você pode e deve perdoar sempre a pessoa que lhe ofendeu, mas só Deus pode perdoar o pecado pela ofensa cometida. Aí Jesus diz: O misericordioso na esfera humana alcança, com certeza, a misericórdia divina, ou seja o perdão de Deus.
E atenção; essa misericórdia humana é indispensável para a salvação (Cf. Mt 18,35).

            Ódio, raiva, intriga não dá mesmo, não é gente?

22/12/2017

Deus os saciará

Felizes os que tem fome e sede de justiça, porque Deus os saciará (Mt 5,6). Eis aí a quarta bem-aventurança escrita no evangelho de Mateus.
A justiça aí pode ser considerada sob dois aspectos: A justiça espiritual e a justiça social. A justiça espiritual, a perfeição, a santidade de vida conforme Deus exige de nós (Cf. Lv 19,2) e Jesus recomenda solenemente em Mateus capítulo cinco, verso quarenta e oito: “Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito”.
Então, fome e sede de justiça significa a busca dessa santidade ou perfeição, envolvendo toda a força do espirito e do corpo; toda competência humana. É aquilo que Jesus disse respondendo ao doutor da Lei que lhe perguntou qual era o maior mandamento da Lei: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a tua alma e com toda tua mente” (Mt 5,37).
Mas a justiça do cristão não para aí. Sua justiça só é perfeita quando envolve também a justiça social, o bem-estar total do irmão. É a segunda parte da resposta de Jesus ao doutor da Lei: “Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39).

E agora vem o melhor: A quem tem fome e sede de justiça, no patamar acima descrito, com toda a certeza, Deus chega com a abundância da sua graça; essa pessoa será saciada a contento. Ou seja: Deus lhe dará a graça, a força para ela se realizar plenamente, tanto no sentido de perfeição espiritual, quanto na justiça social, o bem-estar do povo, pelo menos no que diz respeito ao seu campo de ação. O que depende dos outros, são outros quinhentos. É que nem todos aceitam a orientação de Jesus: “Convertam-se” (Mt 4,17). Mas ao que tem fome e sede de justiça, pode crer, não lhe faltará nada, pois Deus é fiel (1Co 10, 13).

15/12/2017

Felizes os mansos

Felizes os mansos porque receberão a terra por herança, proclama Jesus no bonito Sermão da Montanha (Mt 5,4).
Que ensinamento Jesus quer nos passar com esta expressão? Quem são os mansos? Que é possuir a terra?
Jesus quer dizer que é feliz aquela pessoa não-violenta. Que não apela para violência mesmo em face das mais grosseiras provocações trazidas pelos outros. É gente que não se irrita. Sempre reage com calma, seguindo exatamente a orientação de Jesus no capítulo 6, 27-36 de Lucas. A orientação que ele mesmo pôs em prática quando o guarda do sumo sacerdote lhe desacatou, dando-lhe uma bofetada por conta da resposta que Jesus deu ao sumo sacerdote. Jesus calmamente falou: “Se falei mal prova-o, mas se falei bem por que me bates?” (Cf Jo 18,19-23).

Gente mansa assim receberá a terra como herança. Isto quer dizer: A pessoa mansa, não-violenta vive bem no seu ambiente, como também em qualquer parte do mundo. É como dizia Dom Hélder Câmara: “Eu não me sinto estrangeiro em lugar nenhum do mundo”. Ele se sentia em casa em qualquer país que se encontrasse. É assim que devemos ser também: Manso, sem maldade, amigo de todos. Aí você tem a terra inteira a seu dispor. Bem-estar este, que procede da aceitação do Reino de Deus, e que atingirá sua plenitude com a chegada do novo céu e nova terra (Ap 21, 1). Felizes os mansos!

08/12/2017

Basta de aflição!

Prosseguindo seu sermão lá na montanha, Jesus declarou: “Felizes os aflitos, porque serão consolados” (cf. Mt 5,4).
Quem é o aflito? Aflito é alguém que se encontra em extrema necessidade vital e não percebe a solução para seu caso. É o que acontece, por exemplo, a quem perde, de maneira inesperada, algo de grande valor para sua vida: a perda de sua casa, por conta de uma grande tempestade; a perda do emprego envolvendo a quase impossibilidade de encontrar outro em tempo hábil; a separação de um casal já unido há bastante tempo, etc. Tudo isso pode colocar alguém em grande aflição. O cidadão ou a cidadã fica tão aflito/a e tão desesperado/a que lhe parece até que o chão está lhe negando apoio para os pés.  Tamanho desespero pode levá-lo/a a uma profunda depressão ou até a praticar o suicídio; às vezes a pessoa larga a fé que tem em seu Deus. É aflição, é desespero, pra ninguém botar defeito.
Ai vem Jesus e declara: “felizes os aflitos porque serão consolados”.
E como serão consolados? É simples: aceitando o Reino dos Céus que chegou. É só questão de aceitar com garra esse Reino e todo tipo de aflição desaparece.  É que, Deus está do lado do aflito. Veja estes exemplos apresentados pela Bíblia: Hagar, expulsa pelos patrões e conduzindo seu filho, vê-se em grande aflição: acabou-se a água da ancora e não tinha onde apanhar mais. Deus lhe acode na hora (cf. Gn 21,14-20; veja também 16,7-13). A viúva de Naim estava muito aflita levando para sepultar seu único filho que tinha morrido. Jesus se aproximou dela e disse: Não chore. E ressuscitou o rapaz (cf. Lc 7,12-15).

É assim o nosso Deus: sempre pronto pra nos ajudar. Veja como Jesus fala: “Vinde a mim vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos darei descanso! (cf. Mt 11,28). Pode confiar: Ele disse, fez e faz. 

01/12/2017

Felizes os pobres...

O evangelista São Mateus apresenta em seu livro, nos capítulos 5, 6 e 7, um belíssimo resumo dos ensinamentos de Jesus. É o chamado “Sermão da Montanha”. Jesus começa seu discurso com esta expressão: “Felizes os pobres em espírito porque é deles o Reino dos Céus”.
            Preste atenção: Jesus não falou “os pobres” em recursos materiais como dinheiro, imóveis, propriedades, entre outros. Não. Ele falou pobres em espírito. Pobre em espírito é aquele(a) que põe sua confiança exclusivamente em Deus (Sf 3, 11-12).  Não em dinheiro ou qualquer outro tipo de riqueza. Nem também em pessoas como parentes, políticos ou ricaços.
            Tanto existe rico de bens materiais, mas pobre em espirito, como pobre de bens materiais, mas rico em espirito. O rico, pobre em espirito, é agradável a Deus. Já o pobre, rico em espirito, não é agradável a Deus. Agradável a Deus é só quem é humilde e confia só e exclusivamente em Deus. Ele se joga nos braços de Deus com aquela confiança de criança pequenina que pula de uma mesa para os braços da mamãe (Cf. 1Pd 5,5-7).
            É isso aí, Deus é exigente (Cf. Mt 10, 37-39). E é exigente com razão. É que Ele sabe que só Ele é o Senhor do infinito (Cf. Sl 47, 7-10) e, por isso mesmo, só nele o(a) homem (a mulher) consegue a realização plena, a felicidade perene, a felicidade que nunca se acaba (Cf. Mt 25, 31-46; Ap 21 e 22). É por isso que Jesus começa seu trabalho com os dois ensinamentos fundamentais: “O Reino de Deus chegou”, ou seja, chegou a solução para sua vida; e seja pobre em espirito para poder abraçar este Reino, e assim, receber a felicidade completa.
Portanto o Reino de Deus aí está. É só termos a coragem para agarrá-lo. Seremos então felizes (Mt 5, 3).